Insegurança
Uma vez encontrei uma moça que chamou minha atenção. Era uma moça
bonita, mas que não era de uma beleza de chamar a atenção. O que realmente
chamava atenção na moça era sua eloquência. Para conhecê-la de verdade, as
pessoas deveriam conversar com ela por muito tempo e bem atentamente. Por bem
atentamente, eu digo que a pessoa devia olhá-la de perto sem as lentes que as
pessoas costumam ter e que apenas refletem a si mesmas. Assim que as pessoas
conseguissem tirar estas lentes que refletem apenas a si mesmas, viam uma
pessoa especial e única. Como muitas outras pessoas são, contudo não são
percebidas.
Conversava muito com esta moça. Nossa amizade se baseava somente em
conversas provocantes. Nunca saíamos para cinema ou outros tipos de diversões
mundanas. Apenas tomávamos um café e arrazoávamos sobre assuntos diversos.
Desde atitudes de celebridades até a filosofia de Michael Sandel.
Apesar de eu ser homem e ela mulher. A nossa relação era puramente
de amizade e tenho certeza que nunca ultrapassou, nem em minha mente e nem na
dela, este tipo de limite. Claro, que devido a eloquência da jovem moça, muitas
pessoas se cativavam com ela e ultrapassavam este limite. Pobre destas pessoas,
pois a moça tinha pouco interesse neste tipo de questão.
Perdi contato com esta moça. No entanto, eu sabia que esta moça era
a mais insegura das pessoas. Algo que ela nem tinha noção naquela época. Até
hoje não sei se fiz certo em não fazer esta observação a ela. Egoisticamente,
queria também me aproveitar de como era a mente daquela moça naquele momento. Não
queria que ela mudasse. O meu próprio interesse mudou um relacionamento que
poderia ter outro rumo.