Sunday, January 11, 2015

Universos (Insegurança - parte 2)

Aquela minha amiga.  A insegura de antes, lembra? Recordei dela hoje enquanto estava com minha esposa. Relacionamentos não próximos podem ajudar a nos enxergar as pessoas próximas com outra ótica. O exercício de enxergar as pessoas de forma diferente é exercido por mim através dos desequilíbrios diários de minha mulher. Embora não pratique nenhuma loucura na definição clínica da palavra, minha companheira tende a exageros dramáticos em sua rotina.
Voltando a minha amiga, aquela fascinante de antes. Um de seus poucos casos foi com um rapaz das artes. Leitor assíduo e em certo grau desatento ao seu redor, o tal rapaz leitor tinha um hábito peculiar: algumas vezes no meio de algum debate animado, retirava um livro e começava a ler, como se nada de interessante houvesse acabado de ser dito. Eu achava graça deste mundo que o rapaz  leitor vivia. O problema é que só eu achava graça. Embora minha amiga fosse leitora fominha de vários tipos de livros, parecia óbvia sua irritação a cada interrupção de um debate. Um dia minha amiga, não mais tolerante com tal desatenção, proclamou em alta voz: “Não aguento mais! Terminamos por aqui!”, ela foi embora e a leitura do rapaz continuou solenemente.

Na semana seguinte minha amiga me relatou que precisou terminar com o rapaz leitor uma segunda vez. E o que me fez lembrar da história? O exagero dramático da minha amiga. Entretanto a memória deste acontecimento me fez refletir sobre algum universo que cada um construímos e que muitas vezes é impossível alguém penetrar. O drama que minha esposa faz é parte do universo dela. Eu só fico a observar como um espectador de um hermético filme europeu.

1 Comments:

Blogger Nuno Rasseli said...

Legal relembrar q cada um tem seu universo.
Me lembrou que recentemente afirmei que o normal é ser louco. E que as vezes temos que fazer algumas loucuras para não enlouquecer. =)
Bom te ler de novo! rs

7:24 AM  

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