Universos (Insegurança - parte 2)
Aquela minha amiga. A insegura de antes, lembra? Recordei dela
hoje enquanto estava com minha esposa. Relacionamentos não próximos podem
ajudar a nos enxergar as pessoas próximas com outra ótica. O exercício de
enxergar as pessoas de forma diferente é exercido por mim através dos
desequilíbrios diários de minha mulher. Embora não pratique nenhuma loucura na
definição clínica da palavra, minha companheira tende a exageros dramáticos em
sua rotina.
Voltando a minha amiga, aquela fascinante
de antes. Um de seus poucos casos foi com um rapaz das artes. Leitor assíduo e
em certo grau desatento ao seu redor, o tal rapaz leitor tinha um hábito
peculiar: algumas vezes no meio de algum debate animado, retirava um livro e
começava a ler, como se nada de interessante houvesse acabado de ser dito. Eu
achava graça deste mundo que o rapaz leitor
vivia. O problema é que só eu achava graça. Embora minha amiga fosse leitora
fominha de vários tipos de livros, parecia óbvia sua irritação a cada
interrupção de um debate. Um dia minha amiga, não mais tolerante com tal
desatenção, proclamou em alta voz: “Não aguento mais! Terminamos por aqui!”, ela
foi embora e a leitura do rapaz continuou solenemente.
Na semana seguinte minha amiga me relatou
que precisou terminar com o rapaz leitor uma segunda vez. E o que me fez
lembrar da história? O exagero dramático da minha amiga. Entretanto a memória
deste acontecimento me fez refletir sobre algum universo que cada um
construímos e que muitas vezes é impossível alguém penetrar. O drama que minha
esposa faz é parte do universo dela. Eu só fico a observar como um espectador
de um hermético filme europeu.
1 Comments:
Legal relembrar q cada um tem seu universo.
Me lembrou que recentemente afirmei que o normal é ser louco. E que as vezes temos que fazer algumas loucuras para não enlouquecer. =)
Bom te ler de novo! rs
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